Oi, pessoal!!
Já perceberam que nos meus posts sempre faço questão de
pontuar que sou estudante de medicina e por isso não consigo postar tão
regularmente quanto gostaria? Então... não digo isso porque sou superpreguiçoso
e fico tentando justificar meus meses sem postar com esse argumento, ou porque
sou arrogante e gosto de me vangloriar de fazer o curso superior mais cobiçado
do Brasil bem talvez um pouquinho!. Mas porque realmente “sou estudante de
medicina e por isso não consigo postar tão regularmente quanto gostaria”.
O dia de hoje e este post que achei aqui no blog SPOILER além de estar de luto pela Lexie!!! FIM DO SPOILER me fizeram repensar em quão injusta é a ideia de o médico ser um “super-herói de branco”. Se a dedicação por salvar vidas realmente vale à pena. E
quando pensei em aniversário e super-herói, algo mais me passou pela cabeça e
eu desatei a escrever:
"Em 1933 surgia alguém para ser o supervilão de todos os tempos. Concebido para trazer a destruição e dominar a humanidade com seus poderes infinitos, o antagonista em questão tinha duas fraquezas enormes: um meteorito verde e o simples fato de ser bom demais para não ser bom, logo, a imagem do personagem simplesmente não vendia! Então, lados foram melhor definidos e o personagem foi repaginado em 1935. Em junho 1938, finalmente foi publicado o primeiro volume apresentando esse malfeitor destinado a ser herói. Sendo assim, completamos este mês 74 anos da primeira aparição de um dos maiores personagens fictícios da história.
"No século V a. c. começava na Grécia uma corrente científica
comandada por Hipócrates, separando a preservação da saúde e o combate às
enfermidades, das crenças irracionais e do apelo ao sobrenatural. Surgia aí o
profissional mais superestimado e ao mesmo tempo desvalorizado da atualidade."
Se você está confuso quanto a esta se tratar de uma homenagem detalhista em comemoração ao (meu)
aniversário do personagem criado por Joe Shuster e Jerry Siegel ou uma defesa ao primeiro profissional da saúde, relaxe! Simultaneamente falaremos de dois super-heróis dignos da
alcunha a seguir:
Da formação ao apogeu:
"Publicado pela primeira vez na Action Comics #1 (1938), o alter-ego Clark Kent já
protagonizou/coprotagonizou três publicações em quadrinhos (duas delas ainda
ativas), sete séries de desenho animado, cinco longas de animação, cinco séries
de TV e oito filmes em live-action (um
deles com lançamento previsto para junho de 2013) e estrelou em 23 Video Games.
Isso sem falar das várias minisséries em quadrinho, participações especiais e
outras aparições menores nas diversas mídias de publicação. Enviado por seus pais biológicos para a Terra fugindo da destruição de seu planeta natal, Kripton, o pequeno Kar-el seria então adotado pelo casal Kent na fictícia cidade americana de Pequenópolis (Smallville), no Kansas, e enquanto crescia, passaria a descobrir seus superpoderes e seu destino como protetor da humanidade."
Bastão de Asclépio/Esculápio, símbolo do deus greco-romano da medicina e adotado pela ciência até hoje. |
"Um médico recém-formado no Brasil deve ter estudado (além
dos 9 anos de ensino básico, fundamental e médio) no mínimo seis anos divididos
em nove semestres, em período integral, (curso matutino e vespertino) sendo os
dois últimos o internato. Esse curso de graduação lidera a lista dos mais
onerosos: variando de R$2.280,00 a R$6.224,63 entre as 119 faculdades
particulares cadastradas no site Escolas Médicas no Brasil. Depois disso, o
profissional forma-se bacharel em medicina, ou médico generalista, e deve
passar por mais dois a cinco anos de curso de especialização para adquirir um
título de médico especialista (clínico geral, cirurgião geral, pediatra,
ginecologista...). Sendo assim, o tempo de formação desse profissional deve
variar em torno de 20 anos!"
Superpoderes:
O super-herói da DC Comics após o "reboot" de 2011, The New 52 |
"Em seus 74 anos, o Superman foi o primeiro super-herói com
superpoderes. Começando apenas com uma força destruidora em sua faceta de
vilão, o kriptoniano passou por diversas adaptações e ganhou além da superforça
convencional, capacidade de voo, supervelocidade, super-audição e mais outros
nove ou dez superpoderes ao longo dos anos.
"Entre as décadas de 1970 e 1980, o Homem de Aço se tornou onipotente a tal ponto que a criação de enredos com desafios interessantes ficou muito difícil. Por isso, suas habilidades tiveram que ser diminuídas depois da re-invenção do personagem por John Byrne, após o enredo Crise das Terras Infinitas. Posteriormente, os poderes do super-herói se ascenderam novamente, mas não tanto quanto no período Pré-Crises. O Superman atual conta com uma lista de 14 dons sobre-humanos."
"Entre as décadas de 1970 e 1980, o Homem de Aço se tornou onipotente a tal ponto que a criação de enredos com desafios interessantes ficou muito difícil. Por isso, suas habilidades tiveram que ser diminuídas depois da re-invenção do personagem por John Byrne, após o enredo Crise das Terras Infinitas. Posteriormente, os poderes do super-herói se ascenderam novamente, mas não tanto quanto no período Pré-Crises. O Superman atual conta com uma lista de 14 dons sobre-humanos."
Fotografia do acervo de uma exposição em BH (fevereiro 2011), da organização médico- humanitária internacional: Médico sem Fronteiras |
"Há uma devoção total idealizada e exigida pela sociedade à criatura que
se dispõe a se formar médico. Ao receber o diploma, o médico perde, aos olhos do paciente comum, seu tão mundano título de Homo sapiens sapiens, passando para um estado de deificação desfigurada, com todas as responsabilidades e culpas a que isso implica.
"Desde o período hipocrático, a medicina é encarada como sacerdócio, onde o profissional se entrega de corpo e alma, abdicando-se de muito, compromete-se a muito, é exigido ao extremo e é minimamente retribuído. O Juramento de Hipócrates (o documento médico mais famoso da história) por si só é capaz de desanimar boa parte dos aventureiros.
"Espera-se dele que saiba de tudo, que seja capaz de diagnosticar todas as doenças e combater e vencer qualquer comorbidade. Só isso e nada menos! E quando todo o possível já foi feito e sua função primordial não é alcançada, ao médico é exigido o poder confortar. Deve ser sempre compreensivo, acolhedor e atencioso, independente de qualquer problema pessoal ou impedimento financeiro que o aflija. Há de escutar também que não tem o direito de receber pelo seu serviço, já que o exercício da medicina é um ato sagrado, uma obrigação para com a sociedade. E suas necessidades b´sicas que se explodam!"
"Desde o período hipocrático, a medicina é encarada como sacerdócio, onde o profissional se entrega de corpo e alma, abdicando-se de muito, compromete-se a muito, é exigido ao extremo e é minimamente retribuído. O Juramento de Hipócrates (o documento médico mais famoso da história) por si só é capaz de desanimar boa parte dos aventureiros.
"Espera-se dele que saiba de tudo, que seja capaz de diagnosticar todas as doenças e combater e vencer qualquer comorbidade. Só isso e nada menos! E quando todo o possível já foi feito e sua função primordial não é alcançada, ao médico é exigido o poder confortar. Deve ser sempre compreensivo, acolhedor e atencioso, independente de qualquer problema pessoal ou impedimento financeiro que o aflija. Há de escutar também que não tem o direito de receber pelo seu serviço, já que o exercício da medicina é um ato sagrado, uma obrigação para com a sociedade. E suas necessidades b´sicas que se explodam!"
Arqui-inimigos:
Alguns dos supervilões do Homem de Aço. Destaque para o Lex Luthor mal encarado à frente. |
Fila para atendimento em Centro de Saúde de Pernambués. Atendimento pelo SUS. Salvador, PE - 24/10/2011. Fotografia por Arestides Baptista. |
"O salário médio dos médicos (segundo uma pesquisa de 2009 da
Fundação Getúlio Vargas) encabeça a lista dos profissionais mais bem pagos do
Brasil, ficando em torno dos R$8.966,07. No entanto, segundo a mesma pesquisa,
a carga horária mensal desse profissional é 50% maior. Para arrecadar essa
quantia, ele deve dividir-se entre plantões hospitalares semanais, atendimentos
em consultório, serviços em postos de saúde da família (ou PSFs, relacionados
ao SUS), trabalhando muitas vezes em feriados e finais de semana. Se você tem
convívio com um médico, tente lembrar uma única situação em que ele não
estivesse apressado, ou cansado, ou trabalhando.
"Mas não é só a carga horária exaustiva o supervilão do profissional da saúde: péssimas condições de trabalho são a realidade da maioria das unidades de saúde brasileiras. E engana-se quem aponta o SUS - mecanismo governamental extremamente útil e humanitário em teoria, porém com uma carência enorme de uma boa administração - como o defeito dos sistemas: os vários planos de saúde particulares muito mais contribuem para a desvalorização do profissional e má aplicação de verba na saúde pública. Sem falar na educação dos profissionais que estão em processo de formação!
"Ainda co-protagonizam a lista de arqui-inimigos da medicina o descaso pelos governantes e pela sociedade (vide redução de 50% no salário dos médicos federais), exposição a doenças infectocontagiosas, estresse e má qualidade da saúde do próprio profissional."
"Mas não é só a carga horária exaustiva o supervilão do profissional da saúde: péssimas condições de trabalho são a realidade da maioria das unidades de saúde brasileiras. E engana-se quem aponta o SUS - mecanismo governamental extremamente útil e humanitário em teoria, porém com uma carência enorme de uma boa administração - como o defeito dos sistemas: os vários planos de saúde particulares muito mais contribuem para a desvalorização do profissional e má aplicação de verba na saúde pública. Sem falar na educação dos profissionais que estão em processo de formação!
"Ainda co-protagonizam a lista de arqui-inimigos da medicina o descaso pelos governantes e pela sociedade (vide redução de 50% no salário dos médicos federais), exposição a doenças infectocontagiosas, estresse e má qualidade da saúde do próprio profissional."
Super-herói:
Superman do relançamento da Justice League, The New 52 (2011), por Jim Lee |
"Quando entramos para a faculdade de medicina, não fazemos
ideia do que nos espera. Carregamos o sonho por ganhar bem, por ser valorizado
e reconhecido, por ser aquele super-herói. E temos esse sonho posto à prova dia
após dia. Percebemos o quão impotentes somos diante dos problemas da saúde no
país. Percebemos que a medicina não é o que pensávamos e sequer sabemos se este
é mesmo o objetivo que almejamos.
"E mesmo sabendo que podemos não fazer a diferença, mesmo
sabendo que muitos logo serão corrompidos pelo sistema (e serão estes os vistos
e apontados pela sociedade numa generalização infeliz), nós continuamos a
caminhada. E como Clark Kent se devota à humanidade e à sua amada Lois Lane,
também os médicos se devotam à humanidade e à sua amada Medicina!"
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