02 junho 2012

Inutilidades Gerais: Super-heróis


Oi, pessoal!!
Já perceberam que nos meus posts sempre faço questão de pontuar que sou estudante de medicina e por isso não consigo postar tão regularmente quanto gostaria? Então... não digo isso porque sou superpreguiçoso e fico tentando justificar meus meses sem postar com esse argumento, ou porque sou arrogante e gosto de me vangloriar de fazer o curso superior mais cobiçado do Brasil bem talvez um pouquinho!. Mas porque realmente “sou estudante de medicina e por isso não consigo postar tão regularmente quanto gostaria”.
O dia de hoje e este post que achei aqui no blog SPOILER além de estar de luto pela Lexie!!! FIM DO SPOILER me fizeram repensar em quão injusta é a ideia de o médico ser um “super-herói de branco”. Se a dedicação por salvar vidas realmente vale à pena. E quando pensei em aniversário e super-herói, algo mais me passou pela cabeça e eu desatei a escrever:

"Em 1933 surgia alguém para ser o supervilão de todos os tempos. Concebido para trazer a destruição e dominar a humanidade com seus poderes infinitos, o antagonista em questão tinha duas fraquezas enormes: um meteorito verde e o simples fato de ser bom demais para não ser bom, logo, a imagem do personagem simplesmente não vendia!  Então, lados foram melhor definidos e o personagem foi repaginado em 1935. Em junho 1938, finalmente foi publicado o primeiro volume apresentando esse malfeitor destinado a ser herói. Sendo assim, completamos este mês 74 anos da primeira aparição de um dos maiores personagens fictícios da história.
"No século V a. c. começava na Grécia uma corrente científica comandada por Hipócrates, separando a preservação da saúde e o combate às enfermidades, das crenças irracionais e do apelo ao sobrenatural. Surgia aí o profissional mais superestimado e ao mesmo tempo desvalorizado da atualidade."

Se você está confuso quanto a esta se tratar de uma homenagem detalhista em comemoração ao (meu) aniversário do personagem criado por Joe Shuster e Jerry Siegel ou uma defesa ao primeiro profissional da saúde, relaxe! Simultaneamente falaremos de dois super-heróis dignos da alcunha a seguir:



Da formação ao apogeu:
"Publicado pela primeira vez na Action Comics #1 (1938), o alter-ego Clark Kent já protagonizou/coprotagonizou três publicações em quadrinhos (duas delas ainda ativas), sete séries de desenho animado, cinco longas de animação, cinco séries de TV e oito filmes em live-action (um deles com lançamento previsto para junho de 2013) e estrelou em 23 Video Games. Isso sem falar das várias minisséries em quadrinho, participações especiais e outras aparições menores nas diversas mídias de publicação. Enviado por seus pais biológicos para a Terra fugindo da destruição de seu planeta natal, Kripton, o pequeno Kar-el seria então adotado pelo casal Kent na fictícia cidade americana de Pequenópolis (Smallville), no Kansas, e enquanto crescia, passaria a descobrir seus superpoderes e seu destino como protetor da humanidade."

Bastão de Asclépio/Esculápio,
símbolo do deus greco-romano da medicina
 e adotado pela ciência até hoje.
"Um médico recém-formado no Brasil deve ter estudado (além dos 9 anos de ensino básico, fundamental e médio) no mínimo seis anos divididos em nove semestres, em período integral, (curso matutino e vespertino) sendo os dois últimos o internato. Esse curso de graduação lidera a lista dos mais onerosos: variando de R$2.280,00 a R$6.224,63 entre as 119 faculdades particulares cadastradas no site Escolas Médicas no Brasil. Depois disso, o profissional forma-se bacharel em medicina, ou médico generalista, e deve passar por mais dois a cinco anos de curso de especialização para adquirir um título de médico especialista (clínico geral, cirurgião geral, pediatra, ginecologista...). Sendo assim, o tempo de formação desse profissional deve variar em torno de 20 anos!"

Superpoderes:
O super-herói da DC Comics após o "reboot" de 2011,
The New 52
"Em seus 74 anos, o Superman foi o primeiro super-herói com superpoderes. Começando apenas com uma força destruidora em sua faceta de vilão, o kriptoniano passou por diversas adaptações e ganhou além da superforça convencional, capacidade de voo, supervelocidade, super-audição e mais outros nove ou dez superpoderes ao longo dos anos.
"Entre as décadas de 1970 e 1980, o Homem de Aço se tornou onipotente a tal ponto que a criação de enredos com desafios interessantes ficou muito difícil. Por isso, suas habilidades tiveram que ser diminuídas depois da re-invenção do personagem por John Byrne, após o enredo Crise das Terras Infinitas. Posteriormente, os poderes do super-herói se ascenderam novamente, mas não tanto quanto no período Pré-Crises. O Superman atual conta com uma lista de 14 dons sobre-humanos."
Fotografia do acervo  de uma exposição em BH
(fevereiro 2011), da organização médico- humanitária
internacional: Médico sem Fronteiras
"Há uma devoção total idealizada e exigida pela sociedade à criatura que se dispõe a se formar médico. Ao receber o diploma, o médico perde, aos olhos do paciente comum, seu tão mundano título de Homo sapiens sapiens, passando para um estado de deificação desfigurada, com todas as responsabilidades e culpas a que isso implica.
"Desde o período hipocrático, a medicina é encarada como sacerdócio, onde o profissional se entrega de corpo e alma, abdicando-se de muito, compromete-se a muito, é exigido ao extremo e é minimamente retribuído. O Juramento de Hipócrates (o documento médico mais famoso da história) por si só é capaz de desanimar boa parte dos aventureiros.
"Espera-se dele que saiba de tudo, que seja capaz de diagnosticar todas as doenças e combater e vencer qualquer comorbidade. Só isso e nada menos! E quando todo o possível já foi feito e sua função primordial não é alcançada, ao médico é exigido o poder confortar. Deve ser sempre compreensivo, acolhedor e atencioso, independente de qualquer problema pessoal ou impedimento financeiro que o aflija. Há de escutar também que não tem o direito de receber pelo seu serviço, já que o exercício da medicina é um ato sagrado, uma obrigação para com a sociedade. E suas necessidades b´sicas que se explodam!"

Arqui-inimigos:
Alguns dos supervilões do Homem de Aço.
Destaque para o Lex Luthor mal encarado à frente.
"Superman enfrentou nas HQs 36 supervilões centrais e 172 inimigos menores e menos conhecidos. Há ainda 22 criminosos criados exclusivamente para outros tipos de mídia. Todos eles somam nada menos que 230 inimigos da sua história!! – e sim, contei um por um! – E olha que nem estamos contabilizando os enfrentados pela Liga da Justiça! O primeiro enfrentado pelo herói foi o Ultra-Humanóide.  Daí vieram nomes como o alien androide Brainiac, o monstro Doomsday, notável por conseguir matar o super-herói em um dos arcos, Darkside, um dos seres mais poderosos do Universo DC, o Superman reverso Bizarro e o kriptoniano General Zod. Não podemos deixar de citar o arqui-inimigo supremo do nosso herói: Lex Luthor (curiosamente muito parecido com a primeira versão vilã do Superman!)."

Fila para atendimento em Centro de Saúde de Pernambués.
Atendimento pelo SUS. Salvador, PE - 24/10/2011. 
Fotografia por Arestides Baptista.

"O salário médio dos médicos (segundo uma pesquisa de 2009 da Fundação Getúlio Vargas) encabeça a lista dos profissionais mais bem pagos do Brasil, ficando em torno dos R$8.966,07. No entanto, segundo a mesma pesquisa, a carga horária mensal desse profissional é 50% maior. Para arrecadar essa quantia, ele deve dividir-se entre plantões hospitalares semanais, atendimentos em consultório, serviços em postos de saúde da família (ou PSFs, relacionados ao SUS), trabalhando muitas vezes em feriados e finais de semana. Se você tem convívio com um médico, tente lembrar uma única situação em que ele não estivesse apressado, ou cansado, ou trabalhando.
"Mas não é só a carga horária exaustiva o supervilão do profissional da saúde: péssimas condições de trabalho são a realidade da maioria das unidades de saúde brasileiras. E engana-se quem aponta o SUS - mecanismo governamental extremamente útil e humanitário em teoria, porém com uma carência enorme de uma boa administração - como o defeito dos sistemas: os vários planos de saúde particulares muito mais contribuem para a desvalorização do profissional e má aplicação de verba na saúde pública. Sem falar na educação dos profissionais que estão em processo de formação!
"Ainda co-protagonizam a lista de arqui-inimigos da medicina o descaso pelos governantes e pela sociedade (vide redução de 50% no salário dos médicos federais), exposição a doenças infectocontagiosas, estresse e má qualidade da saúde do próprio profissional."

Super-herói:
Superman do relançamento da
Justice League, The New 52 (2011), por  Jim Lee
"Todo super-herói existe para se sacrificar pelos outros. Kar-el vem para a Terra para proteger a civilização da qual nunca fez parte! Ao Superman, os supervilões, porque não há herói sem inimigo, porque não existe o combatente sem a causa a ser alcançada. E por mais poderoso que seja, ao herói resta a admiração, os olhares de longe, o carinho que nunca terá: pois se apegar é botar civis em risco, é comprometer o seu trabalho. E ao médico, quase sempre, a Fortaleza da Solidão.
"Quando entramos para a faculdade de medicina, não fazemos ideia do que nos espera. Carregamos o sonho por ganhar bem, por ser valorizado e reconhecido, por ser aquele super-herói. E temos esse sonho posto à prova dia após dia. Percebemos o quão impotentes somos diante dos problemas da saúde no país. Percebemos que a medicina não é o que pensávamos e sequer sabemos se este é mesmo o objetivo que almejamos.
"E mesmo sabendo que podemos não fazer a diferença, mesmo sabendo que muitos logo serão corrompidos pelo sistema (e serão estes os vistos e apontados pela sociedade numa generalização infeliz), nós continuamos a caminhada. E como Clark Kent se devota à humanidade e à sua amada Lois Lane, também os médicos se devotam à humanidade e à sua amada Medicina!"


Feliz aniversário Superman (e pra mim)! Bom trabalho Supermédico!
Obrigado pela atenção, pessoal, e até o mais breve possível!





0 comentários:

Postar um comentário