07 março 2012

Inutilidades Gerais: "A coragem delas mudará o mundo!"

Oi pessoal!
Se vocês estam com bastante tempo livre, aproveitem, porque o post dessa semana ficou enoooorme!!! Mas foi por uma boa causa!
Fugindo um pouco da medicina (ou não!), ganhamos um ar temático devido a uma data especial: reza a lenda que em 8 de março de 1857, mulheres grevistas de uma fábrica têxtil em Nova York foram trancadas, durante o protesto, na referida fábrica e esta foi incendiada. Assim sendo, 130 dessas trabalhadoras teriam morrido carbonizadas.
Mas imaginário à parte, é fato que em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro pelo calendário juliano), em São Petersburgo, a greve das operárias da indústria têxtil contra a fome, contra o czar Nicolau II e contra a participação do país na Primeira Guerra Mundial precipitou os acontecimentos que resultaram na Revolução de Fevereiro, inaugurando a primeira fase da Revolução Russa. O mais legal desse acontecimento é que a polícia não as reprimiu, por empatia ou medo, sendo que os oficias que ordenassem seus soldados a atirar eram linchados. Em homenagem ao acontecimento, finalmente em 1975, a ONU oficializou 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.
A data comemorativa esse ano caiu numa quinta-feira. Mas como Inutilidades Gerais só acontecem na quarta, eu não poderia deixar de adiantar o assunto um pouquinho e prestar minhas devidas homenagens a elas! No post de hoje falaremos sobre personagens da ficção que se destacam, não por serem símbolo sexual ou por representarem a beleza e sensibilidade feminina. Mas porque sobrevivem (e se sobressaem) nessa sociedade machista e preconceituosa! Como vocês:
7 Personagens Fictícias Femininas
(e feministasFODONAS!!

A Mulher-Maravilha atual, de Alex Ross
Mulher-Maravilha: Segundo a Wikipédia, quando o psicólogo William Moulton Marston, o inventor do polígrafo (detector de mentiras), disse a sua esposa que teve a ideia de criar um super-herói que triunfaria, não com punhos e poderes, mas com amor, ela, a também psicóloga Elizabeth Holloway Marston, respondeu: "Bom. Mas faça-lhe uma mulher". Nascia então, em 1940/1941 a primeira super-heroína da DC Comics, a Mulher-Maravilhafilha de Hipólita, rainha das Amazonas, a Princesa Diana de Themyscira foi criada a partir de uma imagem de barro e presenteada com superpoderes pelas deusas do Olimpo. Quando adulta, depois de vencer um torneio, foi enviada ao "mundo dos homens" para levar para os EUA o aviador Steve Trevor que teria caído na Ilha do Paraíso. Depois de adotar o alter-ego de Diana Prince, ela assumiu a missão de espalhar a paz e lutar contra Ares, o deus da guerra, utilizando sua superforça, supervelocidade, super-resistência e o impagável avião invisível. Essa versão da Wonder Woman cronologicamente já não existe, uma vez que sua existência foi desintegrada no final da série Crisis on Infinite Earths (ou Crise nas Infinitas Terras), mas a maior representante XX dos super-heróis agora é uma reencarnação das antigas Amazonas. A personagens já protagonizou duas séries de TV (uma em 1970 e um projeto de remake ainda não concretizado de 2011) e um longa de animação. Não é só por ser famosa que a heroína abre esta lista, mas  também pela célebre frase de seu criador: "a Mulher-Maravilha é a propaganda psicológica para o novo tipo de mulher que deve governar o mundo". Tocante, não?!

Lisbeth por Noomi Rapaci
na versão sueca,
Män som hatar kninnor
Lisbeth Salander: "Uma pálida e anoréxica, jovem, com cabelo curto e bagunçado, e de piercings no nariz e na sobrancelha. Tinha uma tatuagem de vespa no pescoço, uma tatuagem de laço em volta do bíceps do braço esquerdo e outro no seu tornozelo esquerdo. Quando usava camiseta regata era possível ver parte de sua tatuagem de dragão pelo ombro esquerdo". Essa é a primeira descrição, no livro, da co-protagonista da aclamada Trilogia Millennium. Salander é uma das personagens mais sensacionais que já vi! Como estudante de medicina, eu poderia diagnosticá-la com uns 3 tipos de distúrbios de personalidade diferentes (Aspenger, comportamento anti-social, psicopatia...) e talvez algum distúrbio alimentar ou metabólico, o que me renderia hostilização total pela heroína sueca. Mas como leitor, sou completamente apaixonado pela hacker de 1 metro e pouco de altura!
Lisbeth por Rooney Mara 
na versão hoolywoodiana,
The Girl With the Dragon Tatoo
Sua personalidade sarcástica, fria e provida de um ódio mortal contra Os Homens que não amavam que Odeiam as Mulheres (tradução literal do título original em sueco, Män som hatar kninnor, e máxima usada por ela no livro e na versão cinematográfica sueca) fazem de Lisbeth uma exceção tremenda ao estereótipo da mocinha indefesa ou da heroína bonitinha. Brilhantemente interpretada por Noomi Rapaci, a Lisbeth sueca mostra-se mais forte fisicamente, dá mais porrada e é mais divertida. Já na interpretação de Rooney Mara, Salander é mais problemática, mais esquisita, mais frágil, mais Lisbeth. Não é atoa que a primeira tornou-se queridinha de Hollywood e a segunda foi merecidamente indicada pelo papel ao Óscar de Melhor Atriz. Com histórico em uma clínica psiquiátrica e uma memória fotográfica insuperável, a personagem dos livros de Stieg Larson é a mulher mais injustiçada de todos os tempos! Mas simultaneamente, é a mais forte, diferente e vingativa. A frase "SOU UM PORCO SÁDICO, UM CANALHA ESTUPRADOR" que o diga!

A Ellis Grey do tempo atual,
interpretada por Kate Burton
Ellis Grey: Vocês devem se lembrar do meu post da semana passada: Inutilidas Gerais: Greys! (Greys Anatomy). Nele, a personagem a seguir somente foi citada, sendo que sequer mencionei o seu nome. Aqui ela ganha destaque: duplamente vencedora do fictício e famoso prêmio médico Harper Avery Award e criadora do (também fictício) procedimento cirúrgico: laparoscopy Grey Method, a cirurgiã geral Ellis Grey é a mãe da protagonista da série (Meredith, lembram?). Longe de ser um anjo, a mulher sacrificou a família pela vida profissional, jamais quis ter a filha e foi abandonada (ou abandonou, sei lá! Eles não entram em consenso!) pelo marido por ter tido um caso com um colega de trabalho. Ela não é nem um pouco a mocinha da história e por diversas vezes temos vontade de esganá-la, mesmo que ela seja portadora de Alzheimer (não reclamem o spoiler! Já contam isso no Episódio Piloto!!).
A Ellis Grey de 1982, interpretada por
Sarah Paulson
Mas a Ellis Grey mostrada no 15º episódio da 6ª temporada é simplesmente fabulosa! A única médica (mulher) do SGH em 1982, ela luta para ser reconhecida profissionalmente e, sutilmente, por igualdade entre raças e entre sexos. E é totalmente bad-ass!! Um resumo sobre o caso: um paciente com (spoiler!!) GRID (Gay-related Immune deficience, ou Imunodeficiência Relacionada aos Gays), o primeiro nome para AIDS, dá entrada no hospital. Depois de enfrentar diversos comentários preconceituosos, ser ameaçada de perder o emprego e se impor como a excelente médica que é, ela e o Dr. Webber (um cirurgião negro) são os únicos que percebem a doença e que, posteriormente, se disponibilizam a cuidar do doente (fim do spoiler!!). O episódio é excelente e as atuações são perfeitas! Agora, voltando à personagem... Uma frase marcante: "You know very well I'm not a nurse! Back off!!". Um conselho da Dr. (Ellis) Grey: "Be extraordinary!"

Elizabeth Swann: Depois do fracasso do filme à la sessão da tarde, A Ilha da Garganta Cortada (1995), que aliás, também apresentava uma co-protagonista com pose de machona, a temática filme de piratas só voltou a fazer sucesso com Piratas do Caribe: A maldição do Pérola Negra (Pirates of the Caribbean: The Course of  the Black Pearl - 2003). É indiscutível que boa parcela da rentabilidade da série é devida às cenas hilárias e ao trabalho bem feito de Jonny Depp. Mas, como no "filminho" supracitado, Piratas do Caribe trouxe uma a mocinha da ação: Elizabeth Swann.
Keira Knightley como Elizabeth Swann, em
Pirates of the Caribbean, Dead Man's Chest
Provavelmente você já conhece a história, mas não custa nada lembrar dessa beldade: a personagem começa como a donzela indefesa prometida em casamento a alguém que não ama, apaixonada pelo ferreiro da cidade (alguém não sabem que é o Orlando Bloom?), é filha do Governador, amante das histórias de piratas... Básico! No primeiro filme da série, o arco da personagem, bastante previsível, transforma a filha do governador em noiva do Legolas (piadinha horrível!!) pirata. Em O Baú da Morte (Dead Man's Chest - 2006), a moça ganha mais ação e perde o ar de dama em perigo. Mas é no terceiro filme da franquia, No Fim do Mundo (At World's End - 2007), que a personalidade forte da pirata mulher vêm à tona: Elizabeth dá muita porrada, canta uma musiquinha sinistra e ainda vira Rei! E é justamento porque assumiu a voz da liderança por diversas vezes, regeu ataques muito bem orquestrados e acabou se tornando o capitão que Elizabeth "Rainha da Corte da Irmandade" Swann-Turner marca presença nessa lista de mulheres que se destacam no "mundo dos homens". Sem falar que Keira Knightley é linda pra caramba!

Viola De Lesseps (Gwyneth Paltrow)
disfarçada de Thomas Kent,
atuando como Romeo
Viola De Lesseps: Acredito que (queridos atores de nosso blog, deem sua opinião a respeito!), para que um homem faça o papel de uma mulher, tal ator deva ser macho pra caralho! É muita técnica, trejeitos e detalhes a serem  perfeitamente ministrados para que a interpretação convença! Acho fascinante (e ao mesmo tempo um absurdo!!) o fato de que as primeiras peças de teatro eram de interpretação puramente masculina! Mas, e para uma mulher interpretar um dos personagens masculinos mais famosos da história, tal responsabilidade seria diferente? Shakespeare Apaixonado (Shakespeare in Love - 1998) é o filme de nossa próxima heroína: por Gwyneth Paltrow, Viola De Lesseps! Tenho quase certeza de que a mulher não existiu de verdade, mas a filha de um rico comerciante ganha vida numa época em que mulheres não podiam atuar: a Londres de 1593 da Rainha Elizabeth I (que é personagem no filme!). Situando-vos: William Shakespeare (o próprio! Interpretado por Joseph Fiennes) aqui é um escritor de teatro falido, traído pela mulher e com uma missão da rainha: retratar o amor verdadeiro em uma peça! Para isso, começa a reformular sua recém-escrita comédia de aventura Romeo and Ethel the Pirate's Daughter (sim, é para o nome lhe parecer familiar!). Desejando muito atuar, Viola se disfarça de Thomas Kent e consegue o papel para o personagem principal (O, no masculino!).
Viola De Lesseps (Gwyneth Paltrow)
como ela mesma, (spoiler!!!)
atuando como Juliet
Aí começa o enredo que faturou sete Óscars (inclusive o de melhor atriz para a feminista da vez): Shakespeare descobre a verdadeira identidade do Mr. Kent e redescobre o amor que já não mais acreditava. Mas não se esqueçam de que era uma sociedade machista! Viola já era prometida em casamento e iria se mudar para a América em breve. Nasce então (fato fictício) Romeo & Juliet (exatamente o que você está pensando!), uma alusão ao amor proibido de William e Viola, e ao risco que esta corria de ser presa por fazer algo que só homens deveriam fazer! Fugindo um pouco do objetivo do post, digo: recomendadíssimo! As cenas vão se alternando com os diálogos mais marcantes de Romeu e Julieta de maneira fantástica! E no finalzinho (sem revelar muitos spoilers) aborda a concepção de outra grande obra, Noite de Reis (Twelfth Night, Or What You Will) a história de uma heroína que se disfarça de homem: "For she will be my heroine for all time, and her name will be...Viola!". Agora, mais um motivo pra Viola ser uma de nossas fodonas? A seguinte frase da Rainha Elizabeth do filme (para Viola): "I know something of a woman in a man's profession. Yes, by God, I do know about that!".


Yomi e Kagura, em uma foto significativa do anime
Kagura Tsuchimiya & Yomi Isayama: Eu sei! Eu disse 7, e com essas duas aí, mais alguém evocada pelo título do post, teremos 8. Mas encare as heroínas de Ga-rei Zero como uma só! Fiquemos com a pergunta: "Você mataria alguém que ama por amor?"...
 Ambas são personagens do mangá Ga-rei (que eu nunca li, obrigado!), mas é na prequela que as duas são mais incríveis: Kagura, de personalidade doce e sensível, pertence a uma tradicional família de exorcistas japoneses (que espanta monstros estilo Godzila, saca?!) que detêm o poder da besta lendária Byakuei. Quando sua mãe morre e uma vez que seu pai vivia ocupado demais para cuidar dela, Kagura vai morar com Yomi, mais experiente, fria e habilidosa, filha adotiva do chefe de uma outra família de exorcistas que controla outra besta lendária, Ranguren. Daí se desenvolve o enredo do anime: as garotas criam laços fraternais fortíssimos, ao mesmo tempo em que Yomi treina Kagura para ser uma exorcista formidável. Componentes de uma agência governamental japonesa de combate ao sobrenatural, as duas passam por eventos muito trágicos enquanto o anime se desenvolve em flashbacks. E aquela citação acima é a base da história toda! Com cenas mais sangrentas, ação mais madura e um divertido toque de yuri (if you don't know, google it!!), Ga-rei Zero é sensacional!! (Isso se você não se importa em ver o sangue escorrendo e as cabeças rolando...). Por que as duas estão nessa lista? Primeiro, porque são espadachins muito fodonas, caçam demônios e controlam, cada uma, uma besta lendária de sabe-se lá quantos metros de altura! Segundo, porque fizeram de um mangá com protagonista masculino um dos melhores animes que já vi!


Eu sei que o post já está gigantesco, mas a personagem a seguir torna indispensável uma apresentação especial. Momento nostalgia:


"Na época dos deuses antigos
... opressores
... e reis
uma terra sem lei clamava por uma heroína!
Xena
... uma poderosa princesa forjada no calor da batalha
A força...
A paixão...
O perigo...
A coragem dela mudará o mundo! "


Extremamente habilidosa em luta corporal, exímia espadachim e habil praticante de artes marciais, a personagem interpretada por Lucy Lawless é a representante perfeita das Personagens Fictícias Femininas e Feministas Fodonas!  De assassina sanguinária a maior heroína do mundo antigo, Xena tornou-se fenômeno da cultura popular e ícone feminista (e lésbico, inclusive!). Derrotar exércitos, combater deuses antigos e destroçar monstros mitológicos é fichinha no cotidiano dessa super-mulher que, ao longo da série, (spoiler!!) morreu 4 vezes, foi atingida por 8 flechas, 1 dardo e duas vezes por seu próprio chakram (fim do spoiler!!). 
Lucy Lawless como Xena
Nascida na cidade grega de Anfípoles e filha de um guerreiro e uma taverneira, a guerreira enche-se de ira ao perder seu irmão mais querido numa invasão sofrida por sua cidade-natal. Então, parte em busca de poder, aterrorizando a Grécia e nutrindo ódio pela humanidade. Ao conhecer Hércules, ela se arrepende dos crimes que cometeu e decide usar suas habilidades de luta para ajudar as pessoas a fim de redimir-se. E esse é o gancho pra começar o spin-off da série Hercules: The Legendary Journeys (1995-1999), na qual nossa heroína inicialmente só participaria de 3 episódios (e morreria no final do arco!!). A partir daí, as aventuras da "garota com o Chakram" se desenvolvem ao lado de sua fiel escudeira/parceira/melhor amiga, GabrielleAliás, essa última até que poderia figurar entre as homenageadas de hoje. No entanto, Xena  é uma personagem tão espetacular e autossuficiente que a ex-fazendeira loira, apesar de muito importante para o enredo e super-fodona também, aqui se tornaria completamente ofuscada!
Além de desbancar a série da qual derivou, Xena: Warrior Princess (1995-2001) é a 10ª melhor série cult de todos os tempos segundo a revista TV Guide e o primeiro Fandom da história! Debatendo sobre amizade, preconceito e violência, Xena mantém muitos fãs assíduos e uns adoradores ocasionais, como eu, que ainda suspiram de saudades da tão amada Princesa Guerreira.


Enfim! Assim terminamos a nossa extensa lista de grandes mulheres da ficção! Se vocês lembram de mais alguma que deveria desfilar em nosso hall da fama, comentem aí!!
E mulheres que nós amamos: espero que tenham gostado dessa singela homenagem para um dia tão significativo!


#beijopovu e até a proxima semana!!

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